POR QUE CHEGUEI AQUI?

Há tempos decidi me esforçar para ser clara e fugir do rebuscamento de Assis, Bilac e Nietszche que tanto me inspirou nos primeiros anos de escrita. No começo é difícil ser simples, especialmente quando se tem arraigada a tendência em amar a forma e perscrutar sinônimos que poderiam facilitar o entendimento, não fosse por serem ainda mais rebuscados que a palavra original que se queria dizer.
Por falar nisso, o que diabos é perscrutar, né? Essa foi uma que herdei dos anos ao lado do amigo Machado. E antes tivesse permanecido nele. Pois ele comunica os sentimentos. Bilac, por exemplo, só proclama a forma. Pra que serve a forma? Ah, aprendi a escrever como o ourives. Grande coisa! Beleza que sucumbe ao fogo.
Nietzsche vai elevar o belo, a estética... a forma? Mentira que você realmente acredita que Fritz era assim, né? Leia um pouco mais e verá o poeta dramático e derramado dos sentimentos que ele mesmo condenou. Quero dizer... Não, não leia! Tem muita gente lendo e pouca gente sentindo. Sinta-o! Ou! Digo que aqueles que não mais estão entre nós são passíveis de conexões sensitivas já que não estão para afirmar isso ou aquilo. Mas assim, veja bem, no caso do Nietzsche, era condição dele não querer ser modelo pra ninguém. E por isso, ele, Fritz, é um dos poucos que eu permito que se ache alguma coisa. Ainda que você ache errado. Isso já me doeu um dia, não me dói mais, ó espíritos livres!
Ademais dele, todos estão claros. E quem não está, ou tenta não estar até, especialmente nos dias de hoje, não merece sequer atenção. É um esforço que soa ridículo, o de querer fazer questão de não ser compreendido... Habermas que o diga!
E a quem grita: Eu sou! Eu faço! Eu acho! Eu sofro! Digo, dane-se!
O que você é, faz, sente e pensa, os outros vão perceber sem você dizer. E se não perceberem, mude o discurso, porque você não é porra nenhuma do que pensa  (quiçá pensa)!
Amo a práxis. Diga e faça. Ou ainda faça e não diga que eu direi por você.
Mas nunca, nunca, diga sem ser.
Um dia eu vou perceber.
Todo mundo vai.
E eu não sou muito, mas todo mundo é.

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